II Fórum de Hotelaria Hospitalar tratou de combate a desperdícios na Hotelaria Hospitalar das Instituições de Saúde.
No dia 16 de agosto, dentro da Feira HOSPITALMED – Feira de Produtos e Equipamentos para Hospitais e Laboratórios (maior encontro hospitalar das Regiões Norte-Nordeste) realizou-se o II Fórum de Hotelaria Hospitalar no Centro de Convenções de Pernambuco.
Como tema central deste importante evento, organizado e promovido pela Sociedade Latino Americana de Hotelaria Hospitalar (SLAHH), debateu-se:
“Controles para combate a Desperdícios e aumento da Eficiência Operacional na Hotelaria Hospitalar”.
Esse tema central deriva de pautas importantes que vem sendo alvo de discussão nos maiores hospitais do País. A Hotelaria e a área de Facilities como um todo, exige hoje a habilidade de um gestor que conheça o comportamento dos custos e consiga dirimir as consequências e causas de gargalos que afetam a operação e a disponibilidade operacional.
Nós da Voice, fomos representados pela presença de nosso Sócio Ivan Franco Ferreira, e no evento sorteamos um Tablet e uma Assinatura de 6 meses de nosso Checklist Hospitalar.
A feliz sorteada foi a Senhora Ires Roque, do Hospital AMIP de João Pessoa (PB). Acima temos foto do momento da entrega.
O evento contou com renomados palestrantes e relevantes discussões da gestão da hotelaria em Instituições de Saúde.
Na foto a seguir, Suyenne Melo (OncoExo) e Prof. Marcelo Boeger (Presidente da SLAHH). Suyenne Melo, gestora da OncoExo – celebrou o início das atividades contando sua experiência vivenciada em Recife nos últimos anos, onde atuou a frente de grandes hospitais e redes hoteleiras – além de ter atuado como professora universitária em Universidades, debatendo a importância da Hotelaria Hospitalar nas Instituições de Saúde e abordando sobre o tema em questão no mercado nordestino.
Suyenne, ressaltou que Recife é um importante polo médico do País. Destacou um pouco da evolução da Hotelaria Hospitalar na região e da importância da área em atuar no controle dos desperdícios. Fez uma comparação com os Hotéis onde o controle de custos é feito com maestria, mas lembrou que um desafio da Hotelaria Hospitalar e também um importante diferencial é conciliação deste controle com a humanização no atendimento.
Na palestra de abertura, o Prof. Marcelo Boeger (Presidente da SLAHH e Consultor da Hospitalidade Consultoria) e o Eng. Mauricio Almendro (Diretor de Saúde do Grupo Verzani & Sandrini) debateram sobre a importância dos sistemas tecnológicos que garantem a eficiência das operações e o ambiente corporativo de controle, no intuito de prevenir fraudes, sabotagens e evasões podendo ser provocados por várias partes do sistema.
Exemplificaram por meio de cases, como prevenir e inibir ações que possam afetar o ambiente de controle com métodos e sistemas que passam do ambiente da Instituição a transgressões (intencionais ou não) vindas de pacientes, acompanhantes, colaboradores e até líderes – que deveriam estar atuando para garantir maior eficiência.
“Esse tipo de debate promove maior troca de informações entre hospitais e consegue atuar sobre dois pontos cruciais: o custo operacional dos serviços e a própria experiência do cliente – que pode ser maculada quando as ações não são devidamente controladas e planejadas pelos gestores. ” – afirma Boeger.
Eng. Mauricio Almendro (Diretor do Grupo Verzani & Sandrini) debatendo sobre o tema na palestra de abertura.
O evento contou com participantes de vários hospitais de diversos Estados das Regiões Norte e Nordeste e ainda discutiu sistema contra evasão de enxoval, rastreabilidade no processo logístico e formas de redução de energia e água.
Wagner Carvalho (CEO da W Energy) apresentou métodos para uma redução na conta de energia e água por meio de ações educativas entre os usuários e a substituição por equipamentos economizadores diante de uma crise hídrica e energética que o planeta vive.
Wagner destacou sua gratidão à área de Hotelaria Hospitalar, que foi sua porta de entrada no mercado de Saúde. Agradeceu em especial a participante Abgair (que hoje é a responsável por Hotelaria Hospitalar no Hospital São Domingos de São Luiz ) que na época trabalhava no Hospital São Camilo em São Paulo e foi quem primeiro deu uma oportunidade na área.
Wagner deu uma ordem de grandeza no projeto do São Camilo que nos 2 primeiros anos economizou mais de 3 milhões de reais. Citou que hoje atua em mais de 40 unidades da Rede Amil, inclusive o Hospital 9 de julho
Afinal o q q é sustentabilidade ? Nada mais é do que retirar o recurso natural que vc precisa sem comprometer com as próximas gerações…
Para ilustrar a importância de se garantir os recursos para as futuras gerações, Wagner passou um vídeo de Experiência social: Como os sonhos de seus filhos irão se realizar se o mundo não existir
Essas ações agregam valor aos programas de sustentabilidade e podem ter no gestor de hotelaria um ponto de partida. Sr. Wagner Carvalho apresentando dados de gestão hídrica e energética em Instituições de Saúde.
Já Cassio Martucci (CEO da ID track) demonstrou a facilidade e vantagens no uso do RFID. Foi demonstrado a rastreabilidade de enxoval na prática, com simulação utilizando roupas, smartphone, leitores e notebooks. Comparou-se a acurácia do inventário tradicional em comparação com o inventário utilizando tecnologia com sistema RFID.
Nesta palestra foi simulado um inventário de roupas onde voluntários tinham que contar a roupas contidas em um hamper. Logo após, foi demonstrado a operacionalização com os leitores e a forma de inventariar utilizando o método RFID.
O destaque da apresentação de Cássio, foi a possibilidade de leituras móveis. Destacou que o público vai usar a ferramenta se for mais fácil. O mobile é feito para “passear” é imbatível para inventário. Citou o exemplo de descobrir enxoval escondidos em armários, é só passar o sensor móvel, é identificado a existência e é só chamar os responsáveis. e isso sem abrir o armário.
“A rastreabilidade de roupas já é uma realidade. Mas agora os custos são acessíveis quando comparados com aquilo que era feito no início deste processo. As pessoas muitas vezes não comparam e contabilizam o custo existente em não fazer algo…”.
Ainda no tema de evasão de enxoval, o Sr. Fabio Torres (MRC Enxoval) apresentou os principais pontos de risco que devem ser obrigatoriamente observados pelos gestores para um eficiente controle do enxoval.
Fabio desenhou dentro de um fluxo lógico da rota do enxoval, a responsabilização de vários agentes perante o controle e utilização da roupa pela assistência (enfermagem), na salvaguarda pela rouparia e na gestão do fluxo pelo serviço de processamento de roupas (lavanderia) – seja ela própria ou terceirizada.
Fábio , discursou sobre diversos cases de gestão de enxoval, destacou bem o sucesso destes quando o foco foi o ataque de desperdícios . Citou que primeiro passo entender problemas , verificar a utilização correta do enxoval, uma improvisação se repete pelo menos 365 dias em um ano, uma em cada leito mutiplicando isso … essas ações podem ser despercebidas mas tem impactos gigantescos.
Fábio citou alguns maus usos:
- O mau uso do enxoval gera perda, mesmo sendo nova. Geram desde relavagens até a eliminação.
- Não usar lençol para limpar o chão. A ação de arrasto, quebram as fibras e inutilizam as peças que devem ser inutilizadas.
- Em exemplos de boas intenções, citou o uso de toalhas para secar sangue de hemodiálise … Sangue não sai !!! Resultado: peça vai pro lixo, descartada.
- Nós em lençóis deformam a peça. Ou são descartadas ou necessitam de cortes. Ainda não tem tecnologia para evitar os nós
- O uso de esparadrapo no enxoval, exige o uso de tratamento químico drástico. Assim a incidência de quebra da fibra fica muito alta. E isso gera descartes…
- Óbitos não é pra usar lençol! Fábio dice já presenciar Hospital usar até 3 Lençóis para enviar o morto ao invés de usar uma Mortalha (que custa infinitamente menos e é descartável),
Fábio também citou alguns cuidados:
- Separar o enxoval. Exemplo: não misturar peças com sangue com a roupa do paciente. Deve-se utilizar processos simples de separação,
- Para o uso do enxoval do acompanhante, usar Químicos leves e economiza material e água
- Exemplo um hospital tinha 26 remoção por dia por ano é multiplicado por 365
- Quantos Lençóis vão pro lixo Olhar o lixo? Erro operacional colocando em sacos errados … enxoval no saco de lixo ao invés no correto.
- Suposta evasão. Roupas não contabilizadas, exemplo: na viatura não contabiliza
- Contabilizar entrada e saída, não tem como ter retorno
- Enxoval é um dos 3 maiores valores de patrimônio dentro de um hospital
- Azul de metileno não sai ! Citou que um hospital usa para toda cirurgia bariátrica lençóis azul royal
- Descartar materiais cortantes no enxoval. Uma agulha em uma lavanderia pode rasgar a roupa toda.
- Palestras educativas de como utilizar corretamente o enxoval , e-mail para coordenações, isso tem impacto grande na melhoria
O fechamento ficou por conta da excelente palestra de Ana Paula Araújo, Gestora de Hotelaria e Facilities do Hospital Israelita Albert Einstein, que demonstrou várias das reduções que esta área conseguiu dentro do hospital, com diversas ações e iniciativas – desde mudança de processos nas áreas de higiene e rouparia até mesmo com criação de novos hábitos na cultura organizacional.
Ana Paula Araújo (Einstein) proferiu uma palestra apresentando o case Einstein na redução de desperdícios.
Ana Paula mostrou enorme possibilidades de redução de desperdícios que existem em todas as áreas e que muitas vezes não temos a capacidade de enxergar.
Apresentou como foi a evolução deste tema no hospital em que atua – desde a busca de benchmarking em instituições em outros países até a comparação com hospitais de mesmo porte.
Entre tantos outros pontos, a mesma compartilhou uma série de possibilidades que podem ser apropriados por qualquer hospital – independente do porte.
Mostrou que o uso exagerado de água na higienização de ambientes sem uma técnica correta, o desperdício de produtos químicos e o planejamento de trabalho da equipe podem ser responsáveis por um incremento importante nos custos desta operação.
Antes do termino do evento, tivemos sorteios de diversos presentes oferecidos pelos patrocinadores.
Após as comparações no Brasil, eles partiram para entender as boas práticas aplicadas em Hospitais nos EUA. Inicialmente buscaram tecnologia, mas as visitas aos hospitais demonstraram que não era só tecnologia a distância operacional.
Com o apoio da alta direção, o pessoal do Einstein foram estudar nos detalhes e ficaram dentro dos hospitais acompanhando o dia a dia do trabalho deles.
Eles entenderam que havia uma inteligência operacional atrás dos processos e que fatores culturais eram decisivos. O quadro acima destaca bem isso.
Ana Paula destacou que um fator de sucesso foi o envolvimento das áreas envolvidas e que fazia todo o esforço possível para comunicar com todos as áreas, se havia apenas 5 minutos, era aproveitado a oportunidade e com isso conseguia o envolvimento e entendimento de todos.
Um ponto importante, foi deixar de tratar tudo com a mesma prioridade. Uma sala , um escritório não tem a mesma criatividade de uma UTI.
Dentre as ações e resultados citados por Ana Paula, temos os seguintes destaques:
- 1 profissional tripulado em minutos hoje, realiza o trabalho que antes era realizado por 6 pessoas em horas,
- Todas as ações em produtos, foram comprovadas com análise microbiológico
- Chegou a ter 47 % de redução de produto químico,
- nas passarelas, a limpeza são realizadas com máquinas,
- Redução de 38% de em equipe,
- Não era só tecnologia , era processo .
- Falou um pouco do projeto de rouparia q teve objetivo para reduzir consumo indevido de enxoval
- Banho no leito com 10, outro com 10 outro com 3… pq as diferenças ? Fizeram a implantação de kits por finalidade. Eliminando os desperdícios
- Distribuição de roupa, de acordo com a quantidade de pacientes
- Redução de 50% de desperdício do enxoval
- Uso da comunicação! Após divulgação dos resultados no canal de comunicação da instituição elogiando a aérea pioneira, todas as outras vieram atrás
Por fim, o público presente pôde participar dos debates com um alto nível de conhecimento técnico e participar de discussões sobre temas tão importantes na gestão da Hotelaria Hospitalar como os discutidos neste profícuo encontro.
Fotos
Sobre a SLAHH
A Sociedade Latino Americana de Hotelaria Hospitalar. No Brasil representada pela Sociedade Brasileira de Hotelaria Hospitalar e suas regionais.
Fontes:
- Press Release da Sociedade Latino Americana de Hotelaria Hospitalar escrito pelo Professor Marcelo Boeger,
- Entrevistas com os palestrantes
- Registros in loco no evento .